Malformação Fetal, Aborto e Estupro no Congresso Nacional

 

Fonte: Globo (Bofetada nas mulheres e negros na anistia partidária)                                                           

Por que, numa democracia, aceitamos que sejam discutidas e até aprovadas pelo Congresso Nacional leis escandalosas que tratam de violências brutais contra as mulheres inerentes à malformação fetal, abortos e estupros? Como pode uma sociedade favorecer estes absurdos?

Nos últimos dias a sociedade brasileira se mostrou comovida com a chamada Lei do Estupro, mas foi esta mesma sociedade que elegeu seus parlamentares para nos presentear com isto. Há poucos meses foi aprovado a lei do veneno que, infelizmente, não deu origem a nenhuma comoção.

É preciso que a sociedade compreenda a relação entre a Lei do Estupro e a Lei do Veneno, pois são os mesmos parlamentares que apoiaram estes absurdos. As duas leis estão associadas ao aborto. Uma é contra o aborto e penaliza a saúde e a vida das mulheres. A outra, favorece o aborto por envenenamento e destrói a vida das mulheres e seus filhos.

É lamentável que em tão pouco tempo tenha sido possível se arquitetar e registrar, em pleno século XXI, dois fatos tão brutais contra não só as mulheres, mas contra a sociedade brasileira. Isto não pode passar despercebido e o registro de uma comoção e mobilização social precisa ser feita, diante dos horrores e brutalidades praticadas numa sociedade em luta pela democracia. 

 Num aparente escárnio, a semana passada foi a vez de se aprovar uma reforma tributária, isentando agrotóxicos, já proibidos em várias partes do mundo, que estão contribuindo com os problemas de câncer, malformação fetal e outras doenças congênitas.

É estranho que a apresentação teatral realizada no Senado Federal sobre o aborto não tenha mostrado as terríveis cenas de mulheres expostas aos agrotóxicos e que tem menstruação irregular, fertilidade reduzida, parto pré-maturo, aborto espontâneo, anomalias congênitas e outros efeitos colaterais do processo reprodutivo.

Tanto as mulheres como os seus filhos podem sofrer graves efeitos de saúde a longo prazo resultantes do consumo de agrotóxicos. Estudos recentes realizados no Brasil e no exterior demonstraram que a exposição a estes produtos químicos pode ter efeitos transgeracionais, o que significa que resultados adversos para a saúde podem ser transmitidos através de múltiplas gerações.

Dada a utilização generalizada e crescente de agrotóxicos e o seu potencial impacto na saúde reprodutiva, é essencial tratar esta questão de uma forma mais abrangente que inclua educação, investigação, mudanças políticas e melhor acesso aos serviços de saúde reprodutivos. As duas leis acima citadas são contra a saúde humana.

Um aborto por envenenamento deve ser algo agonizante na vida de uma mulher e sua família e milhares delas estão passando por isto neste país, de acordo com as pesquisas já realizadas. O Senado Federal deveria convocar todos os pesquisadores do país para mostrar o que está acontecendo neste país dos agrotóxicos.

Além do aborto espontâneo, é preciso que a sociedade tenha conhecimento também da malformação congênita e casos de câncer decorrentes do uso exagerado de agrotóxicos. No tocante às malformações congênitas, são várias as pesquisas no Brasil mostrando deformidade dos pés, fenda labial e fenda palatina, malformações do sistema nervoso, aparelho circulatório, aparelho digestivo, deformidades do quadril e outras.

Não adianta criticar apenas as bancadas dos BBBs (Bíblia, Bala e Boi), pois a aprovação se dá com a maioria dos parlamentares. Será que as mulheres não estão percebendo isto como uma brutal violência contra elas? Será que vão se articular nestas eleições municipais para iniciar uma resposta a tais violências? Isto é que é violência política contra as mulheres dentro do Congresso Nacional.

A bem da verdade, a violência não é só contra as mulheres, mas toda a sociedade e merece uma ação política de todos. Estamos diante de um Congresso Nacional sem preocupações com as necessidades do povo, punindo severamente com leis absurdas, que beneficiam corporações e latifundiários.

A semana passada foi a vez, também, de se votar a lei escandalosa ou PEC da Anistia Partidária, desferindo uma brutal bofetada contra mulheres e negros. Da mesma forma que se divulga as leis deste país em defesa das mulheres, é preciso que nossas parlamentares comecem a divulgar as leis escandalosas contra elas, desconhecidas de muitos, mas que podem estar entre os maiores escândalos do mundo.

O caminho de mudanças é o voto. Já que o maior contingente de eleitores é formado por mulheres, é preciso começar agindo para derrotar aqueles de esquerda ou direita responsáveis por escândalos contra as mulheres e o povo, a partir das eleições  municipais.

Comentários